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Após anunciar os grupos representantes do Piauí e da Paraíba, a Comissão do 60º Festival Nacional do Folclore da Estância Turística de Olímpia segue apresentando os grupos do Nordeste, desta vez com os estados do Ceará e Rio Grande do Norte.
Das terras cearenses, o FEFOL receberá dois grupos da capital, Fortaleza, um deles o inéditoMaracatu Vozes da África. Fundado em 20 de novembro de 1980, o Vozes da África nasceu da iniciativa de um grupo de intelectuais, escritores, poetas, folcloristas e carnavalescos liderados pelo jornalista Paulo Tadeu Sampaio de Oliveira, sendo sua primeira apresentação pública no desfile oficial do carnaval de rua de Fortaleza, em 1981, quando conquistou o título de campeão, o primeiro de muitos de sua trajetória.
Durante esses 43 anos de atividades, o Maracatu Vozes da África realizou mais de mil e quinhentas apresentações públicas, sempre no intuito de enaltecer o povo afro-brasileiro em seus aspectos social, econômico, histórico e cultural. O grupo foi Hexa Campeão do Carnaval de Rua de Fortaleza no grupo especial, em 2019, e vice-campeão no ano de 2020, sendo consagrados novamente como campeões, no ano passado. Desde 2023, o Vozes da África é considerado Tesouro Vivo da cultura do estado do Ceará e, neste ano, traz toda a sua bagagem para Olímpia pela primeira vez.
Também do Ceará, a Capital Nacional do Folclore terá, mais uma vez, a presença do Grupo de Tradições Folclóricas Raízes Nordestinas. Fundado em 1996, trata-se de um grupo de pesquisa e de produção cultural, que busca promover o conhecimento sobre a cultura regional, incentivando a preservação e a valorização das raízes nordestinas, além de contribuir com a expansão da cultura cearense e desenvolver importante formação social, despertando nos integrantes o sentimento de amor e entusiasmo pelas tradições, proporcionando, assim, um conhecimento maior e consciente das características do povo nordestino, incentivando a preservação, a difusão das raízes e, sobretudo reforçando e valorizando a riqueza histórica e cultural da região. O grupo já participou de diversos festivais nacionais e internacionais de folclore, representando a cultura regional.
Já do Rio Grande do Norte, a edição de 60 anos do FEFOL contará com a participação do Grupo de Caboclos – Malhação de Judas, de Major Sales - RN, que traz a cultura da Malhação de Judas, uma tradição que, há mais de 100 anos, é praticada na região. Uma manifestação cultural que mistura o sagrado e o profano e seu ponto forte da tradição ocorre no período da semana santa, quando os grupos de caboclos se formam e se organizam para fazer a peregrinação de casa em casa, dançando e pedindo esmolas para realizar a festa da Malhação do Judas, o traidor de Jesus Cristo, como forma de vingança pela traição. A dança envolvente, o colorido das roupas e a oponência das máscaras chamam a atenção de todos, além da musicalidade, que inclui instrumentos como sanfona, triângulo, zabumba e pandeiro, completando a festa.
Fechando a representatividade da cultura potiguar no FEFOL, Olímpia receberá o Boi Calemba Pintadinho, de São Gonçalo do Amarante, que é uma das mais antigas, importantes e prestigiadas manifestações folclóricas do Rio Grande do Norte, com mais de 120 anos de existência. Trata-se de um auto do teatro popular medieval, cuja origem está ligada à festividade religiosa católica de Santos Reis e que retrata a lenda que gira em torno da morte e ressurreição de um Boi. Essa manifestação é tradicional em diversos estados e regiões do Brasil, com diferentes nomes, características, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos e temáticas.
Em São Gonçalo, o folguedo ganhou o nome de Boi Calemba Pintadinho, ficando nacionalmente conhecido quando escritor e pesquisador Mário de Andrade, visitou o Rio Grande do Norte, em 1928, e hospedou-se na residência do folclorista Luís da Câmara Cascudo. Liderado atualmente pelo Mestre Dedé Veríssimo, o Boi Calemba Pintadinho coleciona títulos e prêmios recebidos em diversos estados brasileiros e festivais. O Mestre Dedé Veríssimo e o grupo são reconhecidos, por lei, como patrimônios culturais e imateriais norte-rio-grandenses.
Em breve, o FEFOL anunciará os demais estados representantes do Nordeste, que estarão presentes no 60º Festival Nacional do Folclore de Olímpia. O evento, que será realizado de 03 a 11 de agosto de 2024, no Recinto do Folclore “Professor José Sant’anna”, completa 60 anos com o tema “Olímpia: o solo sagrado do folclore brasileiro”. O festival é uma realização da Prefeitura, por meio da secretaria de Turismo e Cultura, com apoio de projetos de incentivo cultural e parceiros. Com 9 dias de programação variada, a festa é aberta a toda população e visitantes com entrada gratuita.